domingo, 29 de dezembro de 2013
CARROS
Em que pesem todas as laudas sobre a economia de serviço, a produção física continua ser a base da valoração capitalista real. O bem físico tem seu tempo de uso, o serviço se consome na hora. A necessidade de deslocamento físico da sociedade humana, após a necessidade de subsistência alimentar, se tornou o motor de todo o progresso da humanidade.
Nos idos anos de 1950, houve a oportunidade no Brasil de aplicar na prática esta tese através da indústria automobilística. Com a visão do estadista Juscelino Kubitschek, foi oferecido algumas facilidades, traindo assim investimentos direto de três grande montadoras: General Motors, Vokswagen e Ford Motors (mais tarde veio se aliar ao nosso desenvolvimento a FIAT).
Embora fossem plantas sucateadas de seus países de origem, permitiu-nos sair da condição dependente de importação, para sua própria produção. Por efeito, surgiram toda uma constelação de indústria de autopeças, para atendimento destes projetos. Uma vasta gama de fornecedores e prestadoras de serviço servem hoje aquela indústria. Uma usina colossal de empregos.
Desde seu surgimento, este setor sempre teve (e até hoje) o beneplácito das autoridades governamentais tal o impacto na economia do país.
Não somente nos EUA, teve este procedimento, mas como todos os países que tenham suas economias assentada neste motor da economia, como a Europa e o Japão. Pelo lado da moeda que fazem o papel da liquidez no sistema, houve uma enxurrada de dinheiro dos bancos centrais para sustentar a economia para não cair o objeto preferido de desejo: o automovel. Como diz Robert Kurz, filósofo alemão, "quem acaba de escapar da fome logo começa sonhar com seu automovel". Até a China despertou de sua inércia milenar quando implantou sua indústria própria, permitindo nos últimos 20 anos um crescimento virtuoso, e é de esperar mais outro tanto, pelo tamanho de seu mercado. Quando a economia americana sofreu primeiro revés, onde a indústria automomobilística deu os primeiros sussurros de fragilidade, o governo americano de imediato fez um aporte de bilhões de dólares a General Motors, tal a importância do setor, em termos de manutenção do emprego da sociedade. Esta é a galinha dos ovos de ouro, que jamais poderá morrer. Isso era desesperadamente necessário, porque a capacidade econômica do sistema global tinha sido construido justamente em cima da indústria automobilística, que ameaçava derreter (2008) como gelo ao sol, após o colapso do poder de compra ficticio que se criou com as bolhas financeiras.
Diante dessas argumentações, que pese toda a falácia a favor da economia de serviços, quem manda na economia ainda é a economia real, aquela de produtos e serviços físicos finais. Esta gera empregos reais, salários, impostos e com estes a economia gira, inclusive a de serviços, chamado terceiro setor e não o contrário.
Não é por menos que estamos entrando neste ciclo virtuoso de progresso com mais de 16 montadoras de automóveis em nosso país, segundo nossa contabilidade. Se não temos um mercado interno robusto ainda para este setor, temos por outro lado um mercado mundial pela frente, considerando que a última planta será a mais reduzida de mão de obra, que pela lógica a mais avançada em produtividade. Não se pode perder esta oportunidade. Mas com infraestrutura viária pobre e com um sistema tributário predador será dificil nossa decolagem (take off).
Sergio Sebold – Economista e Professor Independente
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário